Troublemaker é um daqueles jogos que dificilmente passariam despercebidos. Não por sua excelência técnica, mas justamente pelo contrário: ele é um título cheio de arestas, com problemas de polimento, animações medianas e uma apresentação claramente distante do padrão AAA. No entanto, é justamente nesse contraste que reside seu maior charme.
Apesar das limitações, a experiência de jogar Troublemaker transmite algo fresco, quase artesanal, que dificilmente se encontraria em um grande estúdio. O jogo exala a paixão de seus desenvolvedores , que não escondem seu lado otaku assumidos e recheiam o game de referências à cultura pop japonesa. Desde a direção de arte até a forma como os diálogos e cutscenes são conduzidos, fica claro que se trata de um projeto feito com suor, amor e uma dose de ousadia.
A jogabilidade é simples, mas funcional. O combate não apresenta profundidade ou mecânicas inovadoras, mas cumpre bem o papel de divertir! A história, por sua vez, é direta e não busca ser complexa; ainda assim, consegue cativar, fazendo o jogador se apegar a alguns personagens e nutrir antipatia por outros. O final é totalmente fechado, o que garante uma boa sensação de conclusão, algo raro em muitos jogos! Para quem gosta de obras no estilo Tokyo Revengers ou Weak Hero, a narrativa certamente vai soar familiar e envolvente.
Em termos técnicos, o jogo está longe de impecável. O sistema de movimentação pode parecer travado, os menus são limitados e a ausência de opções para gerenciamento de status fora das batalhas é frustrante. Há também trechos mal localizados em inglês, com alguns erros de gramática, embora nada que atrapalhe a compreensão geral, não minto, gostaria que estivesse localizado em português também. Além disso, sua duração na campanha principal pode ser finalizada em algo entre 7 a 10 horas, dependendo do ritmo do jogador.
Ainda assim, há méritos inegáveis. Os personagens são memoráveis (com destaque para Richard), os diálogos frequentemente trazem comentários muito divertidos, e o jogo apresenta diversos easter eggs que arrancam sorrisos de quem gosta de cultura pop e anime. Mesmo nos momentos em que falha, percebe-se a identidade forte e a autenticidade da proposta.
No fim, Troublemaker é um jogo que deve ser julgado pelo que é, e não pelo que poderia ter sido. Não é um título inovador, tampouco tecnicamente refinado. Mas é uma obra feita com carinho, que carrega consigo a alma de seus criadores e que merece ser apreciada por isso. Para quem procura uma experiência curta, descomplicada e com o espírito de um anime shounen escolar, Troublemaker certamente entrega.
Nota final: 8/10 – Um jogo imperfeito, mas cheio de coração e por fim KONTOL
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Identidade forte e carismática
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Personagens e diálogos memoráveis
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História simples, porém envolvente
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Problemas técnicos evidentes
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Mecânicas pouco profundas
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Falta de conteúdo e limitações práticas